Quando o amor se transforma em dor.

Em nossa cultura ocidental aprendemos a cultivar e desenvolver a crença do “Amor Romântico”, aquele em que se espera encontrar o príncipe, ou princesa, perfeitos para suprir plenamente as nossas necessidades emocionais.
Desde muito cedo aprendemos, até nas formas mais inocentes (os contos de fadas), que para cada princesa existe um príncipe e vice-versa, que se mostra perfeito(a) em todos os aspectos. Que as pessoas se casam e vivem felizes para sempre. Além disso, nos desenvolvemos, observando na nossa cultura através da mídia (filmes, novelas, em que sempre existe o casal perfeito), nas leituras (“Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer.” - Luís Vaz de Camões), nas nossas músicas (“Fundamental é mesmo o amor; É impossível ser feliz sozinho”. “Tom Jobim”). Para alguns pode parecer algo bobo, sem sentido, mas sim, somos seres cujos comportamentos são multideterminados e somos influenciados por nossa cultura, mesmo sem querer ou perceber. E, assim, crescemos na busca desesperada, e até fútil, de que a nossa realidade, sobretudo amorosa, se ajuste a todas essas realidades fantasiosas.
Onde está o problema em buscar um príncipe ou princesa? O problema está no fato dessa busca consistir na idealização do outro como salvador e responsável por suprir as nossas necessidades emocionais, e outras mais que possuímos. Ou seja, deposita-se no outro a responsabilidade pela cura de todas as feridas que são carregadas no decorrer de uma vida; esquece-se, sobretudo, da própria individualidade e a do outro. Com isso, é inevitável que, com o tempo, se descubra que o outro, por mais que tente, nunca conseguirá satisfazer e suprir todas as necessidades individuais. Daí surgem as crises nos relacionamentos, em que o casal, ou passa a viver infeliz, ou juntos buscam caminhos, como a psicoterapia de casal, como forma de adquirir autoconhecimento e passe a olhar o outro como realmente se é, sem fantasias e idealizações.
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